A tarde quente da cidade-museu era, por inteira, novidade. As descobertas de uma cidade através de dois mapas, riscados nos pontos que queríamos visitar, eram feitas melhores andando. Pegar metrô e ônibus se pega em São Paulo, quando se vai e volta da faculdade, quando se sai com os amigos, quando se vai resolver assuntos de urgência burocrática em algum canto do centro da cidade. Durante uma viagem, sobretudo no molde daquela que fizemos (dormindo alguns dias nas estações de trem), o mais interessante mesmo é andar. Foi andando, portanto, que descobrimos que a cada esquina existiam torneiras pelo meio da rua, como fontes, que liberam água continuamente. Água gelada, diga-se de passagem, que acabava se tornando a melhor bebida na tarde quente de novidades.
Ao andar pela cidade existe a possibilidade de parar em cada uma dessas torneira-fontes e encher a sua garrafa de água, mesmo que ela ainda esteja na metade, apenas para provar mais um pouco da água gelada que brota continuamente do solo romano. Ao andar pela cidade existe também, e sobretudo, a possibilidade de conhecer mais daquele lugar, do cotidiano dele, tentar fazer parte de algo, como fazemos da cidade que moramos, nem que seja por apenas um dia. E foi com essas andanças que, além das águas, descobrimos uma orquestra tocando o tema de O Poderoso Chefão e depois de Cinema Paradiso, o que apenas serviu para tornar aquele dia ainda mais especial.
Depois de ficarmos anestesiados pela orquestra, pela praça e por amostras grátis que estavam dando aos montes de um sabonete líquido (como todo bom brasileiro, cada um de nós pegou uns 4), resolvemos voltar para o hostel (felizmente nesse dia pegamos). Andando, claro. Para evitar a repetição do caminho e aproveitar o tempo para conhecer um pouco mais a cidade, resolvemos ir por um grande parque que circundava uma boa parte das "costas" da cidade. Um parque alto, no qual podia-se observar uma vista incrível da cidade inteira. Sendo um dia de verão, diversos turistas e habitantes da cidade mesmo estavam aproveitando ao máximo o ar fresco das árvores do parque.
Enquanto minha amiga parava para tirar algumas fotos dele, eu fiquei observando um grupo de casais de velhinhos. Alguns estavam com crianças, e acabei deduzindo que esses fossem seus netos. O grande atrativo, no entanto, era a oficina de dança da qual eles participavam. Um senhor estava ensinando para eles diversos ritmos musicais e, naquele momento, parecia ser algo como tango (perdoem meu falho conhecimento em ritmos, sou péssimo nisso). Observava aquelas pessoas, dançando e rindo, casais de um amor antigo (ou novo, quem sabe) aproveitavam a tarde quente da cidade-museu, transformando ela também em cidade-dança. E sempre que se atrapalhavam nos passos, os risos ficavam ainda mais altos, mas sem desespero. Eram risos altos, mas leves. Como uma dança, normalmente, pede. Me encostei em um árvore e fiquei observando aquela bela cena, enquanto ria junto com aqueles senhores e senhoras, e alguns netinhos e netinhas. Eu ria por rir, pelo movimento desengonçado do corpo deles, que não ligava muito por acertar os passos.
Uma senhora, enquanto dançava e ria, por um momento se virou e percebeu que eu estava me divertindo com aquilo tudo. Ela riu para mim, acenou, disse algumas palavras (as quais eu não entendi, por conta da língua e por conta do som) e me chamou para fazer parte da oficina de dança que estava armada naquele parque. Obviamente, não fui. Ri de novo para ela, acenei e movi o dedo negando. Ela riu e voltou seu olhar para a dança. Minha amiga voltou das fotos e disse para prosseguirmos caminho.
Não esqueci mais do sorriso daquela senhora, ou dama, de Roma.
Enquanto minha amiga parava para tirar algumas fotos dele, eu fiquei observando um grupo de casais de velhinhos. Alguns estavam com crianças, e acabei deduzindo que esses fossem seus netos. O grande atrativo, no entanto, era a oficina de dança da qual eles participavam. Um senhor estava ensinando para eles diversos ritmos musicais e, naquele momento, parecia ser algo como tango (perdoem meu falho conhecimento em ritmos, sou péssimo nisso). Observava aquelas pessoas, dançando e rindo, casais de um amor antigo (ou novo, quem sabe) aproveitavam a tarde quente da cidade-museu, transformando ela também em cidade-dança. E sempre que se atrapalhavam nos passos, os risos ficavam ainda mais altos, mas sem desespero. Eram risos altos, mas leves. Como uma dança, normalmente, pede. Me encostei em um árvore e fiquei observando aquela bela cena, enquanto ria junto com aqueles senhores e senhoras, e alguns netinhos e netinhas. Eu ria por rir, pelo movimento desengonçado do corpo deles, que não ligava muito por acertar os passos.
Uma senhora, enquanto dançava e ria, por um momento se virou e percebeu que eu estava me divertindo com aquilo tudo. Ela riu para mim, acenou, disse algumas palavras (as quais eu não entendi, por conta da língua e por conta do som) e me chamou para fazer parte da oficina de dança que estava armada naquele parque. Obviamente, não fui. Ri de novo para ela, acenei e movi o dedo negando. Ela riu e voltou seu olhar para a dança. Minha amiga voltou das fotos e disse para prosseguirmos caminho.
Não esqueci mais do sorriso daquela senhora, ou dama, de Roma.